Há
versos que rompem como cactos
em
escarpas desoladas de terras
desconhecidas.
Versos que me picam
por
dentro e sem cessar se repetem
versos que se
escrevem e não se escrevem
como as primeiras
frases que ao despertar martelam
com suas sílabas de
gelo e sol.
Há
versos que me trazem uma torre para a luz
um
sorriso para o teu dia
un
cigarro para o serão
um
copo de vinho
e
também a rosa negra que por vezes floresce
no
caminho.
Há
versos que me trazem a estrela errante
e
o nome suprimido
num
velho pergaminho
ou
o esplendor de um instante
sempre
que estou perdido
no
caminho.
Hà
versos que me trazem a página onde está
o
nome que não mais se escrevería
ou
Hepátia a murmurar no pelourinho
o
verso que não há
e
para sempre deixa un rastro de poesía
no
caminho.
Versos
como quartzo mica xisto
em
escarpas onde as águias fazem ninho
e
que me trazem obscuros mitos
de que não há
memória nem registo
apenas isto; versos
nunca escritos
no caminho.
NADA ESTÁ ESCRITO. MANUEL ALEGRE. Ed. Dom Quixote, 2012.
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